segunda-feira, 18 de outubro de 2010

CRISE DA VENEZUELA

A crise diplomática entre Colômbia, Equador e Venezuela foi acirrada após a operação do Exército colombiano que provocou a morte de Raúl Reyes, líder considerado o número dois na hierarquia das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em território equatoriano. Porém, as relações entre os países já estão degradadas há mais tempo. O conflito entre os presidentes colombiano, Álvaro Uribe, e venezuelano, Hugo Chávez, foi agravado quando a Colômbia decidiu encerrar a mediação de Chávez pela busca de um acordo humanitário para a libertação dos reféns em poder da guerrilha. O atrito entre Bogotá e Quito existe há anos e deve-se principalmente pela presença dos militantes das Farc na fronteira entre os dois países.   O impasse foi agravado no dia 1 de março, quando o Exército da Colômbia anunciou que teria matado o líder Luis Edgar Devia Silva, conhecido como Raúl Reyes, Guillermo Enrique Torres, conhecido como Julián Conrado, ideólogo da guerrilha, e outros 15 rebeldes em um acampamento em território equatoriano, durante um ataque aéreo cujo alvo estaria a cerca de dois quilômetros do limite entre os dois países. O governo de Bogotá afirmou que o presidente do Equador, Rafael Correa, teria sido informado da ação, mas não especificou se a informação foi passada antes ou depois do ataque.   Logo após o incidente, o governo equatoriano anunciou o inicio das investigações sobre a ação e exigiu um pedido formal de desculpas da Colômbia, já que a invasão do Exército colombiano teria sido uma "verdadeira bofetada na relação civilizada que deve ter países irmãos, fronteiriços" e que os guerrilheiros teriam sido "bombardeados e massacrados enquanto dormiam". A Colômbia insiste que não violou o espaço aéreo do país vizinho e que seus soldados cruzaram a fronteira para garantir a segurança da ação.   O presidente Hugo Chávez alertou que incursão semelhante em território venezuelano seria "motivo de guerra". Em seu programa dominical Alô Presidente!, Chávez anunciou o envio de dez batalhões de tanques para a região da fronteira com a Colômbia e que a Embaixada venezuelana em Bogotá seria fechada. O chefe de governo afirmou ainda que o assassinato de Reyes era "covarde" e chamou Uribe de "criminoso", "um lacaio, um mentiroso, chefe de um narcogoverno, mas não presidente de um país".   Chávez tem liderado as ações de resgate aos reféns que a guerrilha libertou num ato de desagravo à sua saída da mediação. Seis pessoas foram soltas: em janeiro, ex-assessora da campanha de Ingrid Betancourt, Clara Rojas, a ex-congressista Consuelo González e, em fevereiro, os quatro ex-parlamentares colombianos Gloria Polanco de Lozada, Luis Eladio Pérez, Orlando Beltrán e Jorge Eduardo Gechem.     Após o porta-voz presidencial da Colômbia César Mauricio Velásquez reiterar que Bogotá ofereceria um pedido formal de desculpas pela entrada de helicópteros no país para resgatar os corpos e pertences dos guerrilheiros mortos, Correa anunciou a expulsão do embaixador colombiano em Quito, Carlos Holguín, e a militarização da fronteira. O embaixador equatoriano também foi retirado da Colômbia.   O governo colombiano então afirmou que teria conseguido provas do envolvimento do governo equatoriano com as Farc, ao analisar o material apreendido na operação que matou Reyes. Segundo o general Oscar Naranjo, diretor da Polícia Nacional colombiana, os dados "permitem falar de um relacionamento estrutural das Farc tanto na Venezuela quanto no Equador". Teriam sido encontrados documentos, como e-mails e atas, em que estariam registradas conversas do líder das Farc morto com o ministro da Segurança Pública do Equador, Gustavo Larrea.   O general afirmou que a "esses documentos levantam a questão sobre quais são as relações do governo do Equador com a organização terrorista" e que "afetam a segurança nacional", além de ressaltar que Bogotá ainda esperava por explicações equatorianas. A justificativa de Uribe para afastar Chávez da mediação com as Farc em novembro foi semelhante, de que representantes venezuelanos teriam dialogado com a guerrilha e sem o conhecimento do governo colombiano.   Três dias após a morte de Reyes, o vice-presidente colombiano, Francisco Santos Calderón, afirmou que "alguns países" latino-americanos não cumpriam a resolução das Nações Unidas de combate ao terrorismo e que a Colômbia "não aceitará provocações que coloquem em risco a estabilidade da região". Ele afirmou ainda que pedirá pela mediação da União Européia no caso.

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